O Sócio: o remédio amargo, mas necessário, das pequenas empresas
Se a tarefa de recuperar uma empresa financeiramente pode ser desgastante, fazer isso recebendo ordens de Marcus Lemonis, empresário veterano duro na queda, é a receita para o estresse. Afinal de contas, os gritos, puxões de orelha em público e tantas outras provações pelas quais passam os donos dos negócios mostrados em O sócio, reality show bem-sucedido do History Channel, não são para qualquer um.
Dono de uma megaempresa, a Camping World, e com um currículo que inclui a recuperação de mais de cem empresas nos últimos dez anos, Lemonis aborda, a cada episódio, um negócio à beira da falência e cujos donos estão prontos para fazer um acordo. Após visitar a matriz da empresa e apontar as (muitas) falhas de gestão, faz a proposta: o investimento de centenas de milhares de dólares do seu dinheiro em troca de uma parte (geralmente a maior fatia) da sociedade. Encarando como um remédio amargo, mas necessário, todos os empresários aceitam o acordo.
É nesse ponto que os conflitos começam, já que Lemonis não é nem um pouco diplomático ao mostrar as rotinas e comportamentos que estão levando o negócio a fracassar. Ao apontar os donos como os culpados dos problemas financeiros e criticá-los abertamente na frente dos funcionários, geralmente os leva a ter reações explosivas, que são o ponto alto da ‘tensão’ do programa. No final das contas, o telespectador fica sem saber se sente mais antipatia pelo empresário incompetente ou pelo protagonista arrogante do reality. A balança, no entanto, acaba pesando naturalmente a favor de Lemonis, já que seus conselhos dão inequivocamente certo.
Talvez o aspecto mais interessante de O Sócio seja a diversidade dos casos abordados por Lemonis. A cada semana, eles surpreendem: uma floricultura, uma marca de sorvete, uma fabricante de trailers, uma academia – todos os negócios têm uma dinâmica própria e uma grande carga de questões humanas por trás das questões econômicas. No caso da Mr. Green Tea, a empresa fabricante de sorvete, por exemplo, o conflito que impedia o crescimento da empresa era o choque de ideias do filho progressista com o pai tradicionalista, que havia fundado o negócio. Já no caso da Worldwide Trailers, a fabricantes de trailers, os negócios eram tocados por um casal recém-divorciado que não conseguia separar o drama pessoal do ambiente profissional.
Concordando ou não com a técnica do Sócio, a verdade é que, por mais não-ortodoxa que seja sua abordagem, Marcus Lemonis consegue o que se propõe: dar nova vida às empresas, melhorando os processos e garantindo a manutenção dos empregos dos funcionários. Para os donos de negócio que sobrevivem ao caminho das pedras, resta o alívio de saber que o futuro será melhor e, para os telespectadores, resta não só o entretenimento, como até mesmo uma ou outra ideia que se pode levar para a própria vida.