Vamos Nadar com os Golfinhos? Melhor Não

Vamos Nadar com os Golfinhos? Melhor Não

Alguns ganham leveza com o tempo. Eu ganhei uma chatice em franco crescimento. Percebo coisas que antes passavam batidas. Você sai de férias, marca de nadar com os golfinhos e se choca com o quanto a barbárie pode ser travestida de entretenimento.

Quem lê meus posts (alguém?) lembra da minha reação ao documentário Blackfish. Desde então sou contra parques aquáticos. Foi um sonho de criança que virou uma ressaca do vinho mais ordinário. Sei que somos capazes de qualquer coisa. Afinal, a insensibilidade do ser humano não tem limites. O que comprovei nesta última experiência (quer saber os detalhes? Leia o post que a dona deste blog fez clicando aqui) é que o encantamento causa cegueira. Quem nunca sonhou com aquele beijo no focinho ou simplesmente “tocar a los delfines“? Acredito que poucos resistiriam à experiência, a fantasia de criança . Mas depois do idílico momento com o mais adorável dos mamíferos, alguém pensa no que acontece? Eu posso dizer: os bichos ficam presos em tanques (grandes até), privados de sua liberdade. Presos. Parece divertido agora?

Sinceramente não sei se são maltratados. Com certeza são alimentados. Vi que alguns apresentavam cicatrizes pelo corpo. Não pude registrar já que a entrada de câmeras é proibida e só temos acesso às fotos oficiais. Mas como deve ser o processo de adestramento? Já parou para pensar nisso? Os golfinhos são muito inteligentes, mas de alguma maneira foram “motivados” a obedecer. Vamos deixar livre a interpretação da palavra motivados. Não faço ideia de como é o processo, mas desconfio que não submeteria uma criança a ele.

Eu, que já entrei na brincadeira pedindo pra sair, observei sem encanto. Na verdade, poucas vezes na vida me senti tão constrangido e infeliz. Sim, infeliz é uma boa palavra. Os animais obedecem aos comandos mecanicamente e, ao serem liberados da tarefa, voam para a recompensa. Não há interação, troca ou afeto. É o aprisionamento de outro ser que julgamos inferior, que passará a vida com o propósito único de dar minutos de prazer aos humanos. Unilateral. Forçado. Bem, isso tem nome, não é?

É pra refletir.





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Renato Giannini
Renato Giannini

Sou jornalista, publicitário, marketeiro convicto, professor e espectador do mundo. Observar me interessa mais do que interagir. Falo sobre as coisas que amo: livros, filmes, teatro, séries, realities shows, cães, Nova Iorque e os desafios que me imponho. Tenho pavor de telefone e paixão por SMS. Whats APP é meu nome do meio.

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