O Novo Robocop é o que tem pra hoje
Não sou um grande admirador de filmes de ação. Principalmente os extra violentos, cheios de sangue, carnificina e toda a sorte de barbáries. Logo fico pensando “cadê o pessoal dos direitos humanos que não aparece pra salvar essa gente”. Pois é… não é a proposta artística do roteiro. Mas acabo pensando nisso. Quem ama este tipo de filme é a dona deste blog (não se enganem com sua carinha meiga. Essa mulher é fogo!). Eu sou mais comédia romântica e ela 100% “faca na caveira”. São os novos tempos e, tenho certeza, vocês vão se acostumar com eles. Ou morrer sem entender. O que vier primeiro.
Isso tudo foi pra dizer não me lembrava de absolutamente nada da primeira versão de Robocop. Nada. Tirando que tinha um policial robô, claro. Então fui assistir ao remake do José Padilha sem um referencial forte. E tenho que dizer que gostei muito. Com pequenas ressalvas, porque sou metido a entender de cinema (embora isso seja uma tremenda inverdade) e gosto de achar que poderia contribuir muito com opiniões pertinentes. #SQN.
Entra na onda, dá play no tema do Robocop e segue em frente!
Atenção! Vou mencionar algumas cenas do filme e fazer comentários. Ou seja, alguém pode considerar spoiler e ficar revoltado. Então estejam avisados!
Primeiro sempre o que a gente gosta
Os efeitos do filme são de primeira. A figura do Robocop é muito bem resolvida. Com apenas dois neurônios funcionando dá pra sacar que a linha do diretor é a mesma dos seus filmes anteriores. Tem uma marca forte do José Padilha, que faz o filme ter uma concepção bem no estilo dos “Tropas de Elite”. A crítica à sociedade também está lá, clara em relação ao poder das grandes corporações, muito contundente em relação ao poder de manipulação da mídia (com um Samuel L. Jackson sensacional) e explícita na questão da legitimidade no uso de drones como armas de defesa, principalmente em relação a política internacional americana. Afinal, fronteiras monitoradas por robôs, aviões não tripulados e outras parafernálias que permitem matar a distância já são uma realidade. Levantar estas questões me fez curtir ainda mais o filme (e me sentir mais inteligente de quebra).
A transformação do Alex Murphy em Robocop também é muito maneira! O desespero do cara, ao ver o que restou de si, e a manipulação escrachada de seus sentimentos comoveu. Arrepiante. Outra boa sacada é a inversão na mudança de comportamento da personagem. Se no primeiro filme ele começava robótico e se humanizava, agora é justamente o contrário. Ele começa humano e sua personalidade e livre arbítrio são cerceados. E aqui me senti inteligente de novo, pois recentemente li na Galileu que o livre arbítrio não existe (segundo dois cientistas alemãs) e sempre duvidei que existisse mesmo…
Não gostou? Deita na BR!
Estava tudo muito bom, né? Agora vem a parte que eu já não curti tanto. O ator que faz o Robocop/Alex Murphy é muito fraco. Gente, tudo bem que não precisa ser um baita ator pra entrar na roupa, enfiar aquele penico na cabeça e sair atirando em todo mundo. Mas tinha que ser tão ruim? O nome dele é Joel Kinnaman e dá até pena de vê-lo ao lado de Samuel L. Jackson, Gary Oldman e um inspirado Michael Keaton, fazendo um cover de Steve Jobs.
Depois senti falta de um vilão pra chamar de meu. Alguém para odiar com vontade não tem. Vocês podem discordar, mas eu acredito que um filme deste tipo necessite de um personagem realmente ruim e que desperte o ódio. Não consegui ter vontade de atropelar ninguém. E o terceiro ponto: as cenas de violência não me impressionaram nem um pouco. Estavam mais para sessão da tarde do que para “saco plástico na cabeça”. Certeza que foram suavizadas para conseguir classificação PG-13 nos EUA. Vamos combinar que fazer o sangue espirrar o Padilha sabe.
José Padilha passou perrengue?
Também fui ler e assistir as entrevistas do José Padilha durante o lançamento do filme. É claro que ele teve que rebolar muito para fazer o projeto. Ninguém tira 130 milhões de dólares do bolso e não quer investigar tudo que vai acontecer no filme. Os caras querem ganhar dinheiro! Ele citou Martin Scorsese na entrevista que concedeu ao programa Roda Viva: “um cineasta é um contrabandista de ideias”. Ou seja, o cara entra no esquema cinemão e segue a cartilha. Mas pulveriza a sua visão sem que ninguém perceba. Não deve ser fácil mesmo. O Padilha diz que foi tranquilo. Mas o Fernando Meirelles, em entrevista a Revista Trip (clique aqui e ouça) disse que o colega não estava lá muito satisfeito com o resultado do filme. Bem… depois eles alinham os discursos. No final do post coloquei todos os links para a entrevista do José Padilha no Roda Viva. Vale a pena assistir!
O velho Robocop
Claro que não resisti e fui assistir a versão original. Como é um filme super velho tem no NETFLIX.
Parada estratégica: Netflix patrocina meus os posts. Estou fazendo jabá de graça! Agora que tentei faturar um qualquer, volto ao assunto.
Investi um tempinho e também gostei do filme (gente, será que eu gosto de filmes sanguinários e não sabia?). O filme tem a cara dos anos 80, efeitos especiais dos anos 80, vilões dos anos 80 com muita gente pra odiar e umas tosqueiras que a galera amava, como gente derretendo depois do banho de ácido. Lindo. É um filme dirigido pelo Paul Verhoeven, que tem uma filmografia bem controversa e sempre com um cheiro de trash. Só para citar os que eu mais gosto (de verdade, adoro esses filmes): Instinto Selvagem, Showgirls, Tropas Estrelares e O Homem sem Sombra. O diretor fez um filme super violento, mas com fortes críticas as corporações e a sociedade do consumo. Muito legal. Recomendo intensamente ver ou rever.
E essa foi minha experiência com o novo Robocop que acabou me levando ao original. Gostaram, acharam um cocô ou nem leram nada? De qualquer forma, deixem um comentário e compartilhem nas suas redes sociais. Mesmo que seja pra detonar.
TRAILER OFICIAL DO FILME
PROGRAMA RODA VIVA
Roda Viva – José Padilha: bloco 1
Roda Viva – José Padilha: bloco 2
Roda Viva – José Padilha: bloco 3
Roda Viva – José Padilha: bloco 4
Renato, não existe livre arbítrio? Como assim? Crise profunda…bjsss. Adorei o texto!!!
Leca, dá uma lida no link que eu coloquei no texto (está em amarelo). Os caras falam de uns estudos dos anos 60 e que foram aprofundados agora. Não é uma opinião unânime, mas… Que bom que você gostou! Toda semana tem novidade aqui no blog. Bjs!
Renato, nenhuma novidade já que isso foi dito por Freud há muitos anos. O inconsciente nos domina e é por isso que temos que colocá-lo para fora, entendê-lo pois só assim seremos capazes de nos entender e, quem sabe, decidir corretamente.
Leca, melhor deixar o inconsciente guardado… Bjs!
Renato, concordo com você quando diz sobre nao ter um vilão para odiar, inclusive, lembro do filme do Robocop 1 e 2 de quando eu era criança, e o que me chamava atençao era justamente ele acabar com o vilao que aparecia no filme nos causando impacto, e como se não bastasse, ele volta no filme 2 como robô do mau e isso que me chamava atençao, esse RB2014 é legalzinho, mais achei com mais prólogo do que tiros, fica ai meu comentário. ……. fui
Leandro, provavelmente foi para ser classificado como PG-13 nos EUA. Então fizeram um filme bem mais light. O que realmente não é bom para o que se espera… Eu esperava mais tiro, mais perseguição e mais sangue também. Abs!