Escolheram o Amor

Escolheram o Amor

Com tantos bloqueios e tanto orgulho, os dois tentavam se convencer que o término foi a melhor decisão, mesmo não se falando mais e mesmo um sentindo muita falta do outro.

O problema é que Maria não sabia que João sentia sua falta:

– Ah, ele já deve estar quase namorando com alguma novinha, cheia de disposição para aturar as nights e os amigos dele. Fala sério! João é muito infantil, por isso nunca consegui gostar dele de verdade, sabe? Estava me iludindo só porque todo mundo está namorando.

Já o mecanismo de defesa de João era admitir que odiava praia e odiava o jeito “velho” de Maria:

– Nada a ver, não tinha como dar certo.

Diziam os dois quase que em um coro.

A sorte ou destino desse casal foi estarem todos os dias no mesmo local durante horas. Se fosse um outro caso, os dois já teriam dado um jeito de fugir dessa história, colocando mil outros substitutos no lugar. Isso acontece muito. Mas João e Maria estavam na mesma empresa, na mesma equipe e moravam no mesmo bairro (pegavam o mesmo ônibus! o/). Essa ajudinha lá de cima veio a calhar.

Na quarta semana Maria viu o celular de João tocar e ouviu uma voz feminina (sim, eles sentavam muito perto e estavam um mês sem se falar). Maria, sem pensar em nada, correu para o banheiro e começou a chorar. Oi? Quê?

Maria era a pessoa mais forte, decidida e bem resolvida que qualquer pessoa já conheceu. Maria não chorava por nada, afinal ela entendia e resolvia os problemas até dos pais, que deveriam resolver os dela. Maria não chorava, Maria resolvia, tirava qualquer cisco do caminho dela. Como assim ela estava chorando por causa do carinha do trabalho? Ela nem gostava dele! Fala sério? Nada a ver! Ela achou muito estranho e ligou para a psicóloga-guru:

– Minha filha, você gosta dele. Como pode não perceber isso? Vai buscar o que você jogou no lixo.

– Óóóóóbvio que não!!! Isso é só posse, só porque não estou ficando com ninguém e ele está. Rapidinho aparece um gatinho aí e acabou esse assunto. Atéééé parece que vou procurar esse idiota. Acho que vou me mudar pra Califórnia. Não gosto desse trabalho, não gosto do Brasil, dos brasileiros…

Quando ela estava saindo do banheiro, uma amiga estava entrando:

– Maria, você está chorando?

– Tô com uma alergia horrível no olho.

– Então, tentei falar com você esses dias, mas você estava sempre ocupada. O João veio falar comigo assim que vocês terminaram e me pediu para apresentar uma amiga. Eu apresentei, achei tranquilo, né?! Você nunca gostou dele mesmo! Mas queria te contar, porque parece que a parada deles está firme.

– Claro! O João merece uma mulher bacana. Ou uma menina.

Tamanha era a capacidade de Maria esconder qualquer fraqueza.

Ela saiu, voltou para mesa dela, pegou suas coisas e mandou mensagem para o chefe:

– Estou passando muito mal, acho que é conjuntivite. (Wow!)

Foi no caminho de casa conversando pelo whatsapp com a amiga que mora em Los Angeles:

– Tenho uma grana guardada, vou para aí o mais rápido possível.

Como se para coração partido, distância fosse remédio. João sem pensar muito mandou mensagem:

– Você está bem? É conjuntivite mesmo ou caô?

Maria não respondeu.

– Será que tem como bloquear esse garoto?

Ela não era muito boa em tecnologias, mas também não procurou saber. Ela amou aquela mensagem. Pensou em mil coisas para responder, mas acabou pegando no sono.

João ficou encucado e resolveu se abrir com um amigo, só que esse amigo também era muito amigo de Maria e conhecia as Infantilidades e bloqueios dos dois amigos. E mais! Ele viu a cara que Maria fez quando ouviu a voz feminina no celular de João e a cara inchada que ela voltou do banheiro. Contou tudo para João.

– Que isso, cara?! Era minha mãe no telefone. Duvido que a Maria ia chorar por causa disso.

– Cara, eu ouvi uma voz de mulher. A mesma que ela ouviu. Você acha que ela sabe que é sua mãe? Vocês precisam voltar, vocês se gostam.

– Não tem como. Você está viajando! Nem a mensagem ela respondeu. E foi ela que terminou comigo. Devia está chorando por causa do barbudo que ela está pegando.

Esse amigo teve a mesma conversa com Maria.

– Sim, estou sentindo falta dele, mas tenho medo. Não sei se gosto dele mesmo ou se é só porque eu perdi.

O amigo do casal foi a segunda pessoa a aconselhar Maria correr atrás do que ela jogou fora. Ela foi. João não se opôs. Numa quarta-feira, depois do trabalho, se encontraram no mesmo lugar que ficaram pela primeira vez. Não falaram nada, só se abraçaram. Esse forte abraço selou de vez o que já estava escrito. João e Maria abriram seus corações trancados pelo medo e menos de 1 ano depois já estavam noivos e morando no mesmo teto.

Até hoje eles vivem um amor lindo de se ver e fácil de enxergar onde quer que estejam. É tão natural, tão verdadeiro, que até fisicamente passaram a parecer um com o outro. Entenderam que é lindo amar sem medo. E mais do que isso: a melhor escolha é sempre o amor!

 





About the author

Mariana Amorim Fialho
Mariana Amorim Fialho

Meu nome é Mariana Amorim Fialho, mas pode me chamar Mari. Sou administradora de empresas, mas o que amo mesmo é falar e escrever sobre romances. Sou casada e muito apaixonada, mas tive que seguir uma longa viagem dentro de mim para conseguir me entregar de verdade. Acho que é por isso que esse assunto me encanta tanto.

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