Dando um baile na avenida… o fim!

Dando um baile na avenida… o fim!

No título um pedaço do refrão do samba enredo da Tuiuti de 2010, mas até hoje seja pros comentários vários do dia a dia, seja para me alegrar por algo, tenho por certo jamais esquecer o sentido da Sapucaí, o sentido de uma passarela, o sentido de andar e seguir em frente.

Fato é que todo carnaval tem seu fim, mas tudo que tem fim (graças a Deus) tem começo. E a bateria que começou seus ensaios lá em maio passa pela passarela do samba bem tensa, sem deixar cair o andamento, fazendo bonito pra quem olha, doa o que doer (palavra da agogozeira – como dói) e tudo isso com um lindo sorriso nos lábios e o samba enredo na ponta da língua.

Onde quero chegar com isso, meu querido leitor do ZBlog? Na nossa rotina, nas coisas corriqueiras que devemos lidar ao longo da passarela da vida. Será que é clichê demais ou ousada demais essa comparação? (A este ponto não posso me importar).

Em resumo – Regras Gerais:

Tá calor, e a fantasia pesa, mas vamos brilhar mais!

Já estava pesado só com a fantasia e agora o instrumento pesa também, vamos colocar um led e chamar atenção pro nosso som!

Não posso errar, sorriso no rosto, balanço no corpo e não perco o ritmo, canto o samba… se errar continuo sem perder o passo.

Em resumo – Trajetória:

Setor 1: Tem que chegar chegando, este é o setor da comunidade, os gritos deles e o sacudir das bandeiras é o combustível que vai ser usado para motivar tudo. Começamos bem!

Primeiro recuo: Paro um pouco de andar, mas continuo a tocar. Continuo a contribuir com meu som e vejo uma parte da escola passar, deixo que a ação aconteça, com minha mínima contribuição…

Show time: Saio do recuo entro com tudo, ignorando a dor, a de repente me alimenta o incentivo de quem está na torcida. Opa! Tem gente na torcida que está criticando, não posso errar, sorrio pra elas, dou uma “sambadinha”; surpreendo-os e sigo…

Segundo recuo: hora de parar novamente, esperar mais coisas acontecerem, esperar outros carros, outras alegorias, esperar, esperar sem parar… sem parar

Mais uma metade de Sapucaí: Na segunda metade, vamos que vamos atrás da escola toda que já passou alegrando do setor 7 em diante, com a mesma postura, já passamos por um júri, e aí vem outro – pedrinhas no caminho – vamos que vamos que já chega o setor 12 e agora a gente empolga mais ainda para esse público, que logo a frente já é a dispersão.

Dispersão: todo mundo chora, ou retornamos desfilantes para começar tudo novamente, ou para assistirmos as outras escolas; ou o que nos resta é atravessar o portão que conduz a saída da Sapucaí.

O baile está lindo!

O baile está lindo!

 

Dá vontade de chorar de se despedir de tudo e só há pouco tempo atrás me dei conta do porquê. E aí se é muito clichê ou muito ousada a minha comparação já nem sei, mas é com certeza que posso dizer que a Sapucaí (como toda essência de arte) imita a vida e de perfeitas mimeses.

Para chegar em tudo, na própria vida chegue como se apresentasse para o Setor 1, colha os incentivos seja motivado; haverá tempo de parar de andar, mas isso não quer dizer que tudo esteja parado. Enquanto a gente para no primeiro recuo, fazendo a nossa parte a primeira metade do desfile inteiro acontece, e sem desânimo a gente entra com tudo na nossa vez de acontecer. Se a nossa volta tem os que nos encorajam que o possamos manter com todo o nosso carisma; mas ao nos depararmos com os que apontam nossas falhas, daremos a eles o que temos de melhor: nosso som, nossa alegria. Em tudo isso acontece tempos de parada, esperar mais um pouco para seguir adiante, sem jamais perder a luz, o brilho, o andamento, apesar da dor e dor cansaço segue-se em frente mirando o arco da Sapucaí.

E quando chega o fim, não acabou, depois do fim tem mais sim… arranca-se a fantasia, as plumas, ficamos mais leves e é de madrugada ainda, com certeza ainda é carnaval! A gente chora, mas como tudo na vida, o fim pode até chegar, mas sempre tem mais.

Dai Monteiro





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Daiane Monteiro
Daiane Monteiro

Daiane Monteiro, carioquíssima; cosmopolita; apaixonada por arte; principalmente literatura, música e cinema. Uma observadora distraída para o óbvio e muito atenta ao inesperado! Pelo universo em que estamos é que me interesso... Aprender e ensinar é minha sina... Nossa sina!

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  • Minha Linda, amei!!! É fantástico o seu caminhar!!!E pensar que você nem conhecia o carnaval e agora tá aí…falando dele, falando da vida, falando dele na vida!!!

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