Azul da cor do mar

Azul da cor do mar

Nas ruas do Porto, os mosaicos azuis constroem a imagem de uma cidade sem fim. Por ali, as histórias são contadas nas paredes. Cada peça que compõe as imensas azulejarias possuem os detalhes dos momentos dramáticos da vida portuguesa. E devido à essa estranha paixão, o país ibérico ficou com as honras do velho e empoeirado mundo dos azulejos.

Eles estão ali, aqui ou lá. Em todos os lugares. Nas paredes, fachadas e tetos. Os azulejos já foram azuis, da cor do mar. Hoje, são de qualquer tamanho e tonalidade. Já contaram histórias. Hoje, não têm mais nada a dizer. Pelo menos, até agora.

Modismo. Tendência. Desespero. Ou seja lá o que for, os azulejos voltaram a estampar as paredes das residências, lojas e edifícios pelo Brasil afora.

Vidas azulejadas.

Vidas azulejadas.

E tem mais. Os azulejos voltaram a ter conteúdo. A fase ‘branca’ está contando os dias para tirar férias. Mas, vamos com calma. Antes, precisamos viajar para a terra do azulejo azul e entender o que der para entender.

Há muito tempo, os mosaicos imprimem o imaginário das mentiras e verdades históricas portuguesas. Mas, não foi assim que a coisa começou. No início, os desenhos estampados não ultrapassavam os padrões florais, de círculos ou de pinhas.

Ao passar dos séculos, o conteúdo evoluiu para cenas figurativas e se constituiu em obras de arte digníssimas. E, para a felicidade dos pedestres, os mosaicos tomaram conta das fachadas com histórias contadas, vividas e inventadas. Dos santos aos reis. Dos miseráveis aos nobres.

Portugal não é tudo. Em Brasília, no Rio e em São Paulo você encontra a arte de Athos Bulcão estampada nas paredes.

Portugal não é tudo. Em Brasília, no Rio e em São Paulo você encontra a arte de Athos Bulcão estampada nas paredes.

As cidades, num primeiro momento, ficaram azuis. E com o passar do tempo, as cores entraram no espectro azulejista, com a policromia reinando no universo dos mosaicos urbanos.

Após o terremoto de 1755, Portugal perdeu grande parte das suas imensas fachadas azulejadas e a reconstrução dos edifícios não permitiu que muitas dessas obras fossem restauradas.

Cidade azulejo.

Cidade azulejo.

E com o terremoto, veio o esquecimento total dos azulejos que, inclusive, perderam e muito a sua nobreza artística.

Agora, vemos o renascimento de uma arte belíssima e cheia de personalidade.

Diversas empresas de cerâmica têm produzio releituras e arriscado alguns novos traços nos pequenos quadradinhos esmaltados. E, com as novas tecnologias, adesivos que reproduzem a antiga arte, também estão no mercado a preços interessantíssimos.

Mais cores e mais padrões: o mundo contemporâneo da azulejaria.

Mais cores e mais padrões: o mundo contemporâneo da azulejaria.

É tempo de redesenhar em nossas paredes, as histórias que quisermos. Ou apenas emoldurar padrões e trazer beleza aos nossos ambientes. Referências e e inspirações não faltam por aí. E aproveitem, antes que o terremoto do esquecimento tome conta dos azulejos novamente.





About the author

Rafael Leonardo Carlesso
Rafael Leonardo Carlesso

Já caminhei por tantas ruas de tantos lugares. Morei na chuvosa Curitiba. Passei calor no inverno do Rio. E agora escolhi Floripa para viver, pensar e trabalhar. Sou arquiteto por formação, designer por natureza e escrevo por necessidade de expressão. Acredito que tudo feito a partir do design tem mais valor. Dos acessórios do dia a dia, ao banco do avião que levará você para outro lugar.

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