Melhores (e piores) momentos do Oscar 2016
Se o Oscar 2016 tivesse que ser resumido em só uma frase, ela seria ‘Leonardo DiCaprio enfim levou o troféu para casa’.
Indicado cinco vezes ao prêmio, a primeira vez em 1994, o ator foi a estrela de uma noite marcada por discursos politicamente corretos, uma enxurrada de estatuetas dadas ao azarão Mad Max: Fury Road e uma apresentação intensa de Lady Gaga.
A noite do último domingo prometia ser cheia de polêmica após alguns atores de Hollywood terem ido a público, em torno de um mês antes da cerimônia, denunciando a ausência de diversidade entre os indicados para o prêmio. Era grande a especulação de como a Academia reagiria às acusações, e a resposta dos organizadores acabou sendo a de chamar o comediante Chris Rock para ser o apresentador do evento.
Em suas falas, Rock escolheu talvez o único caminho possível para dialogar com os críticos: assumir a falha e escancarar, fazendo graça da premiação. Logo no discurso de abertura, isso já ficaria claro: “Estou aqui na premiação da Academia, mais conhecida como o Prêmio das Escolhas de Pessoas Brancas. Vocês sabem que, se anfitriões fossem indicados, eu não teria conseguido esse trabalho.” – disse o apresentador, para a plateia predominantemente branca.
Daí em diante o prêmio parecia determinado em exibir o melhor da sua democracia racial; isso é, ao menos para o público negro. Teve um grupo de meninas negras escoteiras vendendo biscoitos no palco, um esquete de entrevistas de Chris Rock na rua somente com entrevistados negros, etc. Faltou explicar porque o mesmo tempo de TV não foi dispensado para as outras raças. Quem já não gostou da abordagem da Academia ao tema, ainda teve que aturar o (ainda muito querido) comediante Sacha Baron Cohen ressuscitando o Ali-G só para sacanear os ‘carinhas amarelos de pinto pequeno… os minions’. Doloroso.
Além de DiCaprio, a novata Brie Larson levou para casa a estatueta de melhor atriz por ‘Room’ e Alejandro Gonzalez Iñarritu provou que está com tudo levando o Oscar na categoria ‘melhor direção’, pelo segundo ano seguido, por ‘The Revenant’. De fofo, ficou a escolha do lendário Enio Morricone como vencedor da Melhor Trilha Sonora. Foi emocionante ver Morricone subindo ao palco e agradecendo em italiano, sendo ovacionado pela plateia.
Se o seu negócio é melodrama, então a performance da Lady Gaga de ‘Til it happens to you’, trilha sonora do documentário ‘The Hunting Ground’ é para você. Confesso, posso estar sozinha em não ter gostado do show, mas a atuação over-the-top da Gaga me deixou com vontade de virar os olhos. Levando-se em conta que Gaga já declarou ter sido vítima de abuso sexual, é preciso relevar um pouco as críticas. Mas, separando a biografia da cantora da performance, tudo aquilo parecia muito fake, desde a cantora se contorcendo de dor sem soltar uma lágrima, à plateia, aplaudindo freneticamente de pé qualquer cidadão que defendesse qualquer causa que fosse naquela noite. ‘Spotlight’, drama sobre denúncias jornalísticas à casos de abusos sexuais na igreja católica, também acabou ganhando o Oscar de melhor filme, apenas para ser completamente esquecido daqui a alguns meses.
Resumindo: fora alguns (poucos) pontos altos, o Oscar 2016 foi um grande indutor de sono, regado do melhor champanhe e dos vestidos mais luxuosos de grifes multimilionárias, com muita cara de choro e consciência social. Mas o Jack de Titanic ganhou.
Fotos: reprodução.