Viver e Sentir

Viver e Sentir

Minha primeira publicação vem com o intuito de provocar um pensamento que passa despercebido na correria das nossas vidas. Por isso, respire fundo e relaxe. Pois, a viagem está para começar.

O tempo, nosso inquestionável bem de maior valor, nos faz correr para conseguir fazer o que devemos, para depois fazer o que queremos. É causa perdida. É assim mesmo.

 Life Running

Mas, se você está aqui lendo essas poucas palavras, é porque você se deu um tempo para observar e pensar a vida a partir de outra perspectiva. Por isso, te convido para sentir e sonhar um pouquinho.

A questão é simples: Você sente o lugar que vive? Os seus sentidos estão na superfície de como você interpreta tudo que está próximo de você, todos os dias? E tem mais: você presta atenção no que cada um deles está querendo expor a ti?

Vamos descobrir agora. E vamos dividir para poder somar seus valores. São seis, os cinco sentidos:

Os perfumes

O vento leva e traz os mais diversos perfumes, desde os aromas das flores aos cheiros das cozinhas dos melhores restaurantes. Muitos dos lugares que conhecemos vêm à memória através do aroma que aquele local possui.

Você lembra da calçada à beira-mar com a brisa leve do oceano? Ou, então, da rua dos restaurantes, com seus aromas de temperos? Do cheiro das flores dos jardins urbanos? E do perfume úmido da floresta que se estende por detrás da casa de campo dos seus amigos?

Cada vez mais, as empresas de cosméticos têm engarrafado os perfumes que a natureza e o homem produzem no dia a dia. Enquanto isso, as lojas, restaurantes, escritórios e residências, têm explorado esse universo dos perfumes, na tentativa de prender a memória do usuário através dos aromas.

Parfum

E a sua casa? O seu local de trabalho? Qual é o seu perfume?

As linhas

É comum e ao mesmo tempo diferente pensar que a arquitetura é o vazio que há entre as paredes. Interessante, não? Outra recorrência no mundo da arquitetura é que, num jardim, o mais importante não são as árvores, mas o espaço que há entre elas.

Essas são visões paralelas que nos levam a prática de um exercício que consiste em ver o mundo de uma maneira um pouquinho diferente. Quem sabe, de um modo mais sutil, mais leve.

Imagine a sua casa ou apartamento de uma maneira diferente. Ao entrar, o hall tem seus móveis na parede oposta à atual. Os móveis da sala estão dispostos de maneira diferente, levando você a fazer outro trajeto para chegar até o seu lugar preferido no sofá. No seu quarto a cama não está mais centralizada, pois foi um pouco mais para o cantinho para dispor de uma confortável poltrona. Mudar a casa refresca a mente e a vida.

E, por mais convictos que estamos de que nossas casas estão perfeitas, sempre há algo a melhorar ou acrescentar. Tente mudar um detalhe por dia, mesmo que minimamente.

Já pensou viver assim no dia a dia? Como seria? Encantador, acredito. Pois, seríamos surpreendidos por essas mudanças. E quem não gosta de surpresas?

Architecture

A música

Um violino sopra as notas ao fundo, e parece leve como a vida deve ser.

Numa rua movimentada de Frankfurt, na Alemanha, um casal se desdobra para ganhar algum dinheiro para comer, ao mesmo tempo em que presenteia a avenida com uma trilha sonora que faz alguém que por lá passou, jamais esquecer.

Violin

Assim é com a água escorrendo pelas pedras em uma cachoeira. Com as ondas de qualquer mar quebrando lentamente. Também com as folhas das árvores balançando conforme o vento. A vida é pautada pela música, seja dos ambientes ou daquela construída pelos homens.

E para não nos esquecermos do valor que a música tem em nossas vidas, precisamos quebrar a rotina às vezes. Desligar um pouco a TV e ouvir incansavelmente aquela música preferida. E, se morar próximo de um rio ou do mar, poderíamos abrir as janelas e convidá-los a entrar.

A arquitetura, assim como nós, precisa de música para viver.

As texturas

No Jardim Botânico de qualquer cidade, ficamos paralisados pela beleza que as cores, desenhos e dimensões das flores e árvores nos mostram.

005 Garden

Mas, nunca paramos para pensar na composição desses jardins. Diferentes texturas se encontram por ali. Do tapete formado pela grama. Das flores, que assim como a seda, propõem, incansavelmente, que as toquemos. E as árvores, que formam o plano de fundo ou o caminho da paisagem, imponentes.

Em nossas casas, também brincamos com as texturas. A mesa de vidro. As cadeiras em madeira aparente. O tapete de sisal. O tecido colado na parede.

As texturas são, definitivamente, importantíssimas para uma casa mais acolhedora e, não podemos deixar de brincar com as possibilidades dos materiais que a natureza nos proporcionou.

Os sabores

Lugares incríveis sempre nos dizem o que devemos fazer. Nos jardins de Versalhes, basta caminhar. Na praia do Arpoador, a pedra sempre está nos esperando. Num velho restaurante da Toscana, sabemos o que vamos comer assim que chegamos. Na adega alentejana, o vinho te aguarda. E no café parisiense, nem é preciso falar.

Cafe

Não podemos comer a arquitetura, mas podemos dar gosto a ela.

Faça com que a cozinha tenha características de cozinha, para que você goste de ficar lá e cozinhar. A sala de estar deve proporcionar um acolhimento das pessoas, senão ela perde seu sentido de estar, e o quarto deve convidar ao sono.

Simples assim.

Intuir e Imaginar

Chegou a hora de somar o que dividimos até o momento. Intuir é levar a fazer aquilo que só tu podes dizer. É a nossa individualidade tentando se comunicar. E imaginar é sonhar com aquilo que verdadeiramente queremos.

Viva e sinta quando é hora de mudar.

Não esqueça que a arquitetura faz parte das nossas vidas quase o tempo todo. E que o design complementa e facilita todas as formas de viver.

De agora em diante, valorize os pequenos detalhes da sua casa e do seu local de trabalho, e sinta quanto isto interfere no dia a dia. Não se acostume com o que te incomoda. Mude rapidamente, e sua vida irá sempre melhorar.

Changes





About the author

Rafael Leonardo Carlesso
Rafael Leonardo Carlesso

Já caminhei por tantas ruas de tantos lugares. Morei na chuvosa Curitiba. Passei calor no inverno do Rio. E agora escolhi Floripa para viver, pensar e trabalhar. Sou arquiteto por formação, designer por natureza e escrevo por necessidade de expressão. Acredito que tudo feito a partir do design tem mais valor. Dos acessórios do dia a dia, ao banco do avião que levará você para outro lugar.

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