Sem Reservas
Inspirado pelo livro Cozinha Confidencial (recomendadíssimo) do chef americano Anthony Bourdain, hoje iremos pegar nas panelas e despertar o paladar adormecido dentro de nós.
Quando conversamos sobre gastronomia na mesa do bar, todo mundo sabe como preparar esse ou aquele prato. Homens, mulheres, ou seja lá o que for, todos sabem cozinhar hoje em dia. Ou melhor, dizem que sabem.
E tudo começa daquele jeito. Após longas horas bebendo caipirinhas, cervejas, vodcas, pinas coladas e whiskys, o formidável cozinheiro (cheio de coragem) convida todos os amigos para um jantar…
No grande dia, o ‘chef’ recebe seus convidados ansiosíssimos para conhecer as habilidades gastronômicas franco-italianas e com influências islandesas que o mestre adquiriu em suas viagens transatlânticas. O problema é que, bem aquele prato que o convencido cozinheiro disse que sabia fazer, na verdade, tinha sido preparado pelo Jamie Oliver. Na TV!
De qualquer maneira, ninguém precisa saber. E o orgulho está acima de tudo! E ele aceitou o desafio de superar todos os obstáculos que a temerosa cozinha esconde por detrás das panelas e outras coisas estranhas.
Para enganar, consultou um sommelier que fica na esquina das gôndolas do mercado e comprou alguns vinhos que harmonizam com o fracasso. Após a seleção, entupiu a sua despreparada adega (que pega sol de manhã e a tarde), com as relíquias toscanas, australianas e californianas.
Na cozinha, encontrou um fogão de seis bocas que nunca foram utilizadas, seis tipos de facas que ele não sabia porque existiam, dez panelas com desenhos estranhíssimos e uma infinidade de talheres de tamanhos incompatíveis com a sua realidade refinada.
O resultado de tamanha complexidade não poderia ser diferente. Um desastre! Foi aquele jantar em que o vinho que ficou no sol e na adega (ao mesmo tempo) salvou as almas desesperadas que acreditaram no amigo falastrão.
E ele prometeu, após esvaziarem todas as garrafas de vinhos e comerem todos os amendoins que tinha na casa, que no próximo jantar ele faria aquele prato que ninguém sabia fazer (nem ele), e que havia aprendido com um francês (Olivier Anquier), num castelo do vale do Loire (na GNT).