Os desencontros do encontro
Ninguém havia conhecido as fraquezas nem de Maria, muito menos de João. Se relacionavam porque era cômodo e conveniente no momento. E mesmo tendo vivido alguns envolvimentos, os dois já estavam na vida de solteiro há um bom tempo. Tempo suficiente pra aumentar os medos e os bloqueios.
Começaram a namorar naquela leveza toda de um chope amistoso, mas eles não sabiam namorar, não sabiam se entregar. João queria ter uma namorada, mas queria continuar vivendo a liberdade de um solteiro. Maria queria ser namorada, mas não queria ninguém muito perto. Começaram os desencontros.
João morava sozinho, todos seus amigos estavam solteiros e os bares continuavam nos mesmos lugares, com as mesmas pessoas. Ele achava normal namorar, mas sair umas 3 vezes por semana ao bar com os amigos. E achava mais normal ainda sair a noite com os amigos, chegar a hora que quiser e ligar pra Maria a hora que desse vontade.
Maria achava aquilo tudo estranho, mas não falava nada. Só se afastava. Ela não gostava da noite, dos bares e nem dos amigos do João. Acordava cedo, ia a praia, fazia suas coisas e eles, que antes de namorar estavam sempre juntos, agora se viam só no trabalho.
Um dia a avó de Maria questionou: que namoro é esse que vocês não estão nunca juntos? Maria começou a repensar e achou que os dois se precipitaram ao namorar. Ao invés de conversarem e falarem sobre o que incomodava, começaram a achar que um não gostava do outro.
Maria achava João muito diferente dela, João achava Maria muito chata. Desde que decidiram rotular a relação, o medo veio a tona e não conseguiram mais sentir a mesma leveza e vontade de estar junto como antes. Acharam melhor terminar.
Durante a primeira semana não viram problema nenhum na decisão. João, que se sentia sufocado, estava de volta aos bares, nights e para aquela vida superficial que ele não aguentava mais. Mas estava livre. Maria voltou a se sentir confortável na sua solidão, sem medo e sem receios, mas sempre forte aos olhos alheios. Os dois não se falavam mais.
Na segunda semana começaram a sentir falta um do outro. Fala sério! “Nada a ver”. Na terceira semana, Maria ouviu um amigo sacaneando João: Aquela menina era gatinha, hein?! Sentiu uma dor estranha no estômago. No dia seguinte João viu um recadinho de um barbudo no Facebook de Maria, ele não conseguiu almoçar.
Começaram a sentir raiva um do outro. João achava que Maria quis terminar por causa desse barbudo e Maria achava que João nunca tinha gostado dela, mas um não falava nada pro outro. “Deixa pra lá… nada a ver”.
Semana que vem eu continuo com “Escolheram o amor”.