A arte da mentira
Lembramos de Abraham Lincoln quando expressava que “Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo“. Esse talvez seja o melhor resumo para a historia de Margaret e Walter Keane.
COMENTÁRIO
Com a delicada estética a qual Tim Burton nos tem acostumados e com uma fotografia muito bem tratada, ele nos apresenta uma história baseada na vida real de Walter Keane um dos pintores com mais sucesso nos anos 50 e princípios dos 60. O artista teve uma grande notoriedade ao revolucionar a comercialização e acessibilidade da arte popular com suas enigmáticas pinturas de crianças abandonadas com grandes olhos. Mas, a verdade acabaria por sair à luz: as obras de Keane não foram criadas por ele, mas por sua esposa, Margaret.
Os Keane viveram uma mentira que foi crescendo até alcançar proporções gigantescas. O filme está centrado no início de Margaret como artista, no grande sucesso de suas pinturas e a tumultuosa relação que manteve com seu marido, impulsado à fama mundial e levando todo o reconhecimento pelo trabalho da sua esposa.
Notáveis as performances de Christoph Waltz e Amy Adams interpretando o descaro compulsivo de Walter Keane e a insegurança introspectiva da Margaret. Mais um filme que esqueceram na entrega dos Oscars. Fantástica a ambientação de “conto” criada por Burton, aproveitando a bizarra situação que vai gerando pelas atitudes obsessivas do Keane e a passividade da Margaret.